Côte d’Ivoire ambiciona alargar as relações com Angola
A República da Cô̂te d’Ivoire ambiciona alargar as relações com Angola nos domínios da Agricultura, Cultura, Pecuária e Formação de Quadros, com o objectivo dos dois países estarem mais pró́ximos e preparados para enfrentar os actuais e futuros desafios do continente.
O interesse foi manifestado, sexta-feira, em Luanda, pelo embaixador da Côte d’Ivoire em Angola, Jean-Marie Santiéro, durante um jantar que juntou vários diplomatas, em alusãõ à̀s comemorações dos 63 anos da Independência do seu paí́s, assinalado no passado dia 7 de Agosto.
A data foi festejada apenas sexta-feira devido ao perí́odo de luto nacional observado naquele país pela morte, por doenç̧a, do antigo Presidente da Côte d’Ivoire Henri KonanBedié, ocorrida a 1 de Agosto do corrente ano.
Jean-Marie Santié́ro disse que a Cô̂te d’Ivoire está́ a trabalhar no sentido de não ter apenas relaçõ̃es diplomáticas com Angola, existentes há́ 42 anos, mas pretende alargar a cooperaçãõ nos domínios da Agricultura, Cultura, Pecuária e Formação̧ de Quadros.
O diplomata referiu que a Cô̂te d’Ivoire não pode apenas conhecer Angola porque é o segundo maior produtor de petróleo do continente e Angola não deve conhecer ou falar da Cô̂te d’Ivoire apenas porque é um dos maiores produtores mundiais de cacau. “É preciso acabar com isso, dando passos concretos nas relaçõ̃es humanas entre os dois povos”, sublinhou.
O embaixador referiu que os 42 anos de relaçõ̧̃es entre a Côte d’Ivoire e Angola não podem apenas cingir-se no â̂mbito diplomático, “́é fundamental dar passos e de forma concreta nos unirmos para fazer crescer os sectores que dão emprego à populaç̧ão”.
De acordo com o diplomata ivoiriense, Angola e a Côte d’Ivoire devem estar juntas e unidas para identificarem as melhores formas de dar soluções aos desafios que os dois povos, em particular a juventude, enfrentam no seu dia-a-dia.
Na visã̃o do embaixador, a concretização de uma aproximação entre Angola e a Cô̂te d’Ivoire pode contribuir para o fortalecimento de uma África mais forte, virada para o progresso social, económico e cultural de todos os países do continente berç̧o da humanidade.
O diplomata apelou aos africanos a serem cada vez mais solidários nas mais variadas vertentes, sublinhando que a implementação da Zona de Comércio Livre Continental, um mercado de 1,3 mil milhões de pessoas, vai proporcionar coesão e crescimento para o continente.
Golpes de Estado
Relativamente à onda de golpes de Estado que se verificaram em alguns países do centro de África, o embaixador da Côte d’Ivoire em Angola considerou um “problema difícil” para todos os africanos, porque está a pôr em risco a democracia no continente. Jean-Marie Santiéro defendeu o fortalecimento do diálogo, a inclusão e acesso à educação e justiça como elementos fundamentais para se acabar com essas práticas inconstitucionais.
“Temos de incutir na juventude a cultura da paz e da democracia”, frisou o diplomata, apelando aos africanos e não só a não se guerrearem, independentemente das opções políticas, religiosas ou ainda da condição social, económica e cultural.
Convidados à cerimónia
O embaixador dos Estados Unidos da América em Angola, TulinaboMushingi, convidado ao jantar alusivo às comemorações dos 63 anos da Independência da República da Côte d’Ivoire, disse que mais do que celebrar a data é necessário fazer um balanço do que se fez em seis décadas e perspectivar o futuro.
TulinaboMushingi referiu que África deve continuar a trabalhar unida para em conjunto resolver os actuais problemas que enfrentam, com o objectivo de melhorar a vida das populações, sublinhando que o futuro do mundo está em África.
De acordo com o embaixador norte-americano em Angola, nada poderá acontecer no mundo, nomeadamente na segurança, governação, economia e prosperidade, se não envolver África como um actor fundamental e indispensável no cenário mundial.
O diplomata referiu que os Estados Unidos da América vão continuar a trabalhar nos vários domínios com África e, em particular, com Angola, pelo facto de o futuro do mundo estar neste continente.
Em relação à presença no jantar organizado pela Embaixada ivoiriense, TulinaboMushingi disse ser uma honra fazer parte do evento, porque foi uma ocasião que proporcionou encontros e debates directos e sem muitos protocolos com os demais colegas da diplomacia.
Em relação às comemorações dos 63 anos de Independência da Côte d’Ivoire, a embaixadora do Reino de Marrocos em Angola, Saadia Alauwi, referiu que é para todos os países africanos um momento de muita importância, porque representa a festa da liberdade dos povos.
A embaixadora de Marrocos em Angola reforçou que o seu país se orgulha pela longa caminhada da Côte d’Ivoire, que considera um parceiro importante do Reino de Marrocos e que os dois países vão continuar de “mãos dadas” para toda a vida.
O presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, disse, por sua vez, que os países de África vivem desafios difíceis, que vão exigir de todos reencontrar-se em relação ao futuro do continente, com vista à realização do sonho da dignidade humana e da estabilidade.
Adalberto Costa Júnior referiu que os africanos devem fazer um forte investimento nas instituições, de modo a edificar-se um continente sem miséria, onde a democracia seja verdadeiramente democracia e não de autocracias que dão lugar a ditaduras.
A vida que as populações do continente vivem hoje, frisou Adalberto Costa Júnior, já não é culpa da colonização, muito menos da influência do Ocidente, mas sim é por negligência do próprio africano. “Não podemos chorar, porque tivemos muito tempo para corrigir os erros”, afirmou Adalberto Costa Júnior, enquanto convidado à festa em alusão aos 63 anos de Independência da Côte d’Ivoire, onde estiveram vários diplomatas acreditados em Angola, bem como o ministro das Relações Exteriores, Téte António, membros do Executivo, de partidos políticos e representantes de várias organizações nacionais e internacionais. O jantar comemorativo teve lugar no Clube de Caçadores, no bairro Miramar, em Luanda.
A República da Côte d’Ivoire tem relaçõesdiplomáticas com Angola há 42 anos e viu proclamada a sua independência de França no dia 7 de Agosto de 1960.