Angola Defende Reconstrução da Ordem Económica Internacional

Angola defende a urgência de reformar a atual ordem económica internacional, face às tensões geopolíticas, medidas coercitivas unilaterais e múltiplas crises atuais, que impactam negativamente os países em desenvolvimento.

O Ministro das Relações Exteriores de Angola, Téte António, expressou esta posição ontem, durante a 3ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo do G77 + China, que ocorre em Kampala, Uganda, até hoje.

Téte António salientou as consequências adversas para os países em desenvolvimento, incluindo os efeitos duradouros da Covid-19, as frágeis perspectivas económicas globais, a pressão crescente sobre a produção de alimentos e energia, a volatilidade dos mercados, inflação, o peso da dívida externa, o aumento da pobreza extrema e os impactos negativos das mudanças climáticas.

Representando o Presidente João Lourenço, o ministro lamentou a ausência de um plano claro para resolver os problemas globais que afetam diretamente os países em desenvolvimento.

Para enfrentar esses desafios, Téte António apelou à criação urgente de um processo conjunto, estruturado e coordenado para fortalecer o papel do multilateralismo nas questões internacionais e aproveitar o potencial da cooperação Sul-Sul, colocando o Sul Global numa posição mais influente e estratégica na gestão dos destinos da humanidade.

Angola, enfatizou Téte António, está empenhada em alcançar esses objetivos, destacando seu papel nas presidências da Organização dos Estados de África, Caraíbas e Pacífico, na Comunidade de Desenvolvimento da África Austral e na Conferência Internacional dos Grandes Lagos.

Na Cimeira, sob o lema “não deixar ninguém para trás”, onde Uganda assumiu a presidência rotativa do G77 + China, substituindo Cuba, o ministro angolano enfatizou a necessidade de priorizar as pessoas mais vulneráveis num esforço coordenado para acabar com a pobreza em todas as suas formas e reduzir as desigualdades existentes.

Téte António realçou que a discussão deste tema na Cimeira permitirá aos países desenvolver e implementar uma nova dinâmica de cooperação entre os 134 Estados-membros do Grupo dos 77 + China, considerando ser estratégico num mundo competitivo onde comércio, investimento, desenvolvimento sustentável, combate às mudanças climáticas e erradicação da pobreza são fundamentais para o desenvolvimento dos países.

O ministro destacou os desafios e esforços do governo angolano para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, alinhados com a Agenda 2030 e o Plano de Desenvolvimento Nacional 2023-2027 de Angola, visando um impacto positivo nas políticas públicas nos próximos cinco anos.

Compromisso com a Carta de Argel

Téte António anunciou a celebração do 60º aniversário do G77 + China em junho, reafirmando o compromisso de Angola com os princípios e ideais da Carta de Argel de 1964, visando um mundo pacífico, sustentável e próspero, e a promoção dos interesses coletivos numa cooperação internacional efetiva.

Na Cimeira, liderada pelo Presidente ugandense Yoweri Museveni, Téte António destacou a necessidade de o G77 + China inovar na sua atuação face às mudanças geopolíticas, visando adaptar-se às oportunidades de um mundo em rápida transformação.

O ministro enfatizou que a desigualdade económica e social entre as nações é acentuada, com os países do Sul sofrendo mais com os desafios globais que impedem o desenvolvimento e a implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.

Téte António destacou a importância da unidade e ação do G77 + China para avançar a Agenda Internacional, fortalecendo a cooperação Sul-Sul em áreas como Comércio, Investimento, Desenvolvimento Sustentável, Alterações Climáticas, Erradicação da Pobreza, Economia Digital, Ciência, Tecnologia e Inovação.

Desafios do Pacto Global Digital

Finalmente, o Ministro das Relações Exteriores apontou o Pacto Global Digital como um dos principais desafios para o Grupo em 2024, sublinhando a necessidade de uma ação concertada para combater a divisão digital e a lacuna na transferência de tecnologia do Norte para o Sul. Téte António destacou a importância da contribuição ativa do G77 + China nos processos negociais para garantir oportunidades no progresso tecnológico.