Presidente da República fala à imprensa

Em entrevista aos jornalistas depois de constatar o andamento das obras de construção dos hospitais Geral de Viana e dos Queimados, na Centralidade do Kilamba, o Presidente da República, João Lourenço, destacou que o Governo não gasta apenas recursos no betão mas também na formação de jovens.

RNA – Depois de ter visitado as duas unidades hospitalares, gostávamos que o Senhor Presidente fizesse o balanço do que viu e as perspectivas que se seguem.

PR – Muito obrigado! Nós acabámos de efectuar esta visita a duas obras, duas importantes infra-estruturas hospitalares, nomeadamente o Hospital Geral de Viana, e aqui onde nos encontramos, que é o futuro Hospital dos Queimados.

Vamos começar por Viana. Devo dizer que eu esperava encontrar a obra de Viana num estado de execução mais adiantado do que encontrei. Daí ter saído preocupado, porque nós temos metas bem definidas, temos prazos por cumprir, temos o nosso fiscal que nos cobra. Os angolanos são o nosso fiscal. E, por esta razão, nós temos de fazer questão de exigir o mesmo dos empreiteiros. Os empreiteiros também se devem  preocupar com a necessidade da execução das empreitadas nos prazos previstos nos contratos.

Os contratos são negociados, são aprovados, e, uma vez aprovados, devem ser cumpridos, salvo por razões de força maior. E, haverá aquelas situações em que sempre se dá algum período de tolerância.

Espero que não seja este o caso, sobretudo se tivermos em conta que o empreiteiro tem outras obras por executar. O que nós estamos a chamar a atenção é para a necessidade de que o acordado deve ser respeitado.

Neste aqui – o Hospital dos Queimados, pelo tempo de execução, estamos crentes de que vão respeitar o compromisso de entregar a obra em Março de 2025. Luanda acabará por ficar com dois hospitais dos queimados.

Como sabem, sempre tivemos um hospital de queimados, que era pequeno, com muito poucas condições. Neste exacto momento, estamos a finalizar as obras de reabilitação e ampliação da unidade existente. Deve ser entregue nos próximos dias. Mas, decidimos pela população de Luanda, construir este de raiz. E, os dois a trabalharem, com certeza que vão dar vazão à necessidade de atendimento aos pacientes queimados.

Infelizmente, tem havido muitos sinistrados de incêndios domiciliares e não só, que atingem pessoas de todas as idades, até crianças. E, isso preocupou-nos, porque nós não tínhamos até aqui uma capacidade que correspondesse, digamos, ao número de casos que tem surgido no país, mais particularmente nesta grande urbe que tem mais de 10 milhões de habitantes.

Só Luanda vai ficar com hospitais de queimados. As outras províncias, outras cidades, podem ficar com algumas alas dentro do Hospital Geral, que possam também atender aos queimados, uma vez que não será possível trazer todos os sinistrados (queimados), de todo o país, para Luanda. Portanto, a situação é esta. Foram duas obras visitadas e o balanço não é igual.

ANGOP- Senhor Presidente, gostaria de saber se, no quadro dos investimentos que se têm feito neste sector, que áreas de Luanda mais poderão contar, num futuro próximo, com instituições do género?

PR – Áreas em termos de localização? É nesse sentido? Bom, em termos de localização, onde implantar os hospitais, eu acho que aqui a minha ministra [da Saúde] sabe melhor do que eu. Mas, posso adiantar que Luanda vai receber nos próximos anos as seguintes unidades: para além desta de Viana, que foi hoje visitada, esta aqui dos queimados, onde estamos, vai receber o Hospital Geral de Cacuaco. Cacuaco terá um hospital bem equipado, provavelmente no próximo ano.

Estamos a pensar em construir… Estamos a pensar e vamos fazer. Não é só pensar, é preciso fazer! Vamos fazer o Hospital Oncológico, que vai ficar ali – pelo menos esse sei a localização – vai ficar ali na área do Hospital Dom Alexandre do Nascimento. Vamos fazer o Hospital de Traumatizados, para atender  traumas. Infelizmente, as nossas estradas nos têm provocado muitos traumas.

Há muitos acidentes rodoviários que têm atingido sobretudo a nossa juventude. E, entendemos que era preciso fazer um hospital para atender apenas os traumatizados. Vamos fazer o Hospital Oftalmológico que, em princípio, estávamos a pensar colocá- lo ali no Morro Bento, junto ao Hospital Pedalé, mas mudámos de ideias. E, muito provavelmente, vai ser vizinho desta unidade aqui. São essas as futuras unidades que Luanda vai receber.

Mas aqui, muito próximo de Luanda, também vamos inaugurar ainda este ano, creio que em Dezembro , o Hospital Geral de Caxito. Não é Luanda, mas, pelo menos, vai ajudar a estancar os doentes do Bengo, que, regra geral, acorrem a Luanda para se tratar.

TPA- Senhor Presidente, a minha questão vai na seguinte perspectiva: nos últimos tempos, estamos a viver dificuldades financeiras e o “calcanhar de Aquiles” para obras desta magnitude reside exactamente na cobertura financeira. Como é que estamos desse ponto de vista? Essas obras não vão parar? Estão acautelados esses assuntos?

PR – Podem parar outras, estas não. As do sector da Saúde não vão parar. Estão bem recordados que, há uns anos, ainda no meu primeiro mandato, eu teria dito que os avultados recursos que o país estava a despender com a Junta Médica de Saúde, a enviar milhares de cidadãos angolanos a se tratarem no exterior, até por doenças que, em princípio, podiam ser tratadas aqui, para fazer uma simples hemodiálise, esse mesmo dinheiro, esses mesmos recursos, nós íamos investir aqui no país. E, é o que estamos a fazer. Não estamos a fazer outra coisa senão cumprir com o que prometi naquela altura. A Junta Médica de Saúde não terminou. Nós não extinguimos a Junta Médica. Mas, ficou muito reduzida a casos muito especiais em que, reconhecidamente, nós constatamos não ter capacidade de resolver aqui. Hoje a experiência está a  demonstrar que já ninguém sai de Angola para ir fazer hemodiálise. Já poucos saem para operar o coração, operar a coluna.

E, tudo isso estamos a fazer com jovens nossos, com jovens angolanos. Portanto, não estamos só  a construir as infra- estruturas. Estamos a gastar recursos não apenas no betão, como também estamos a gastar recursos na formação dos nossos jovens. Grande parte desses jovens que estão no Dom Alexandre do Nascimento, que estão no Azancot de Menezes, que estão em outras unidades modernas e que estamos a colocar ao serviço das populações, são jovens que fizeram a licenciatura na Universidade Agostinho Neto e depois foram especializar- se, alguns na Europa, outros no Brasil.

Regressaram, felizmente, porque hoje, no mundo, há a tendência de roubo de cérebros, sobretudo dos cérebros dos nossos países, que acabam por ser aliciados a ficar nos países mais desenvolvidos. Nós temos tido a sorte de que esses nossos jovens, com sentido patriótico,  regressam para servir o país.

Fui um bocado longo a responder à sua pergunta. Mas, devo dizer que, para a Saúde, haverá sempre dinheiro. Vamos prejudicar outra área qualquer em benefício da Saúde.

Ainda temos muitas unidades a construir a nível do país. Portanto, não é só Luanda. Angola não é Luanda. Como sabem, no próximo ano, em princípio, vamos terminar o Hospital do Sumbe, Hospital de Ndalatando, talvez o Hospital de Mbanza Kongo, repito talvez o Hospital de Mbanza Kongo, o Hospital de Ondjiva. E vamos começar outros, da Catumbela, Bailundo, Dundo, Malanje, de onde acabo de vir. Portanto, são muitas unidades que ainda estão por chegar. E, para essas unidades, fiquem descansados que haverá recursos.

TV GIRASSOL – O Senhor  Presidente acaba de reafirmar que vai haver sempre investimentos para a Saúde. Eu pergunto: o que é que vai acontecer com o empreiteiro da obra do Zango, já que vem de lá e disse que não gostou muito do que encontrou?

PR- Bom, imagine que você é o Presidente da República. O que é que faria? Diga lá, queremos ouvir.

TV GIRASSOL – Hoje, felizmente, só estou na posição de fazer perguntas.

PR – Estou a dar-lhe o poder por cinco minutos.

TV GIRASSOL- Hoje,  não posso, Senhor Presidente…